Livros escritos à mão: decifrar os símbolos deixados pelo filho
desaparecido é objeto de preocupação dos pais agora (Dreamstime/Divulgação).
Jovem desaparece no Acre e deixa 14 livros criptografados.
O jovem transformou seu quarto em uma espécie de museu, com
mensagens e símbolos escritos nas paredes e uma estátua de filósofo italiano
Por Estadão Conteúdo (4 abr 2017).
Rio Branco — O jovem estudante de psicologia Bruno Borges
está desaparecido desde segunda-feira, dia 27 de março. Além da família
apreensiva, deixou para trás 14 livros que estão criptografados, em uma
linguagem que ele mesmo criou.
“Mas, ele deixou a chave”, diz a mãe, Denise Borges,
empresária mineira, radicada no Acre. O estudo das quatro criptografias está
acomodado em uma pasta. Decifrar os símbolos é objeto de preocupação dos pais
agora.
Segundo a família, Bruno transformou seu quarto em uma
espécie de museu. Nele há uma réplica da imagem de Giordano Bruno, filósofo
italiano, vítima da inquisição.
“Hoje, eu sei que dentro desses livros deve haver uma
riqueza imensa. Todos queremos saber o conteúdo. É complicado, mas é possível”.
Os pais já convidaram filósofos e historiadores para olhar o
material. Mas, ainda não sentiram confiança suficiente para que a obra fosse
avaliada.
“Há outra criptografia em que ele não deixou (a chave)”,
lamenta Athos Borges, pai de Bruno. “Eu sei que na hora certa vai aparecer a
pessoa que nos ajude a tocar isso pra frente. Isso não pode ser feito por uma
pessoa qualquer”.
Poucos dias após o desaparecimento de Bruno, o pai, Athos
Borges, gravou um vídeo em uma rede social onde faz reavalia a relação com o
filho.
Antes, os pais achavam que o filho tinha necessidade de
algum tipo de tratamento psiquiátrico. “Hoje, não vejo assim. Até o psicólogo
dele disse o seguinte: ‘seu filho é uma pessoa normal com uma grande ideia'”.
Segundo a Rede Amazônica, afiliada da TV Globo, toda a
mudança no quarto aconteceu durante uma viagem de férias dos pais que durou 24
dias.
De acordo com a irmã do rapaz, em entrevista à TV Globo, o
jovem mantinha a porta trancada e não contava o que estava fazendo.
O primo de Bruno, o oftalmologista Eduardo Veloso afirmou
ainda à reportagem da Rede Amazônica que deu a Bruno R$ 20 mil. Ele teria
pedido o dinheiro alegando que tinha algo muito importante para investir e que
mudaria a vida das pessoas.
Introspectivo e um leitor voraz, o jovem passou a não comer
carne e ultimamente era vegano, diz a família. Os pais entendem que a mudança
foi uma espécie de preparação para a obra deixada.
“As pessoas me criticam porque estou valorizando muito a
obra e não mais o desaparecimento dele. Eu gostaria de encontrar com ele agora
e dar um abraço nele. Mas, eu não vou forçar uma barra. Não é um sequestro. Ele
saiu por conta própria. Ele sabe o que ele fez. A gente tem umas coisas que ele
fez quando sumiu que comprovam que foi muito premeditado. Ele não quer ser
encontrado agora e, se eu não estiver ficando louco, eu estou respeitando esse
tempo dele”.
O desaparecimento do rapaz já foi informado a todas as
forças de Segurança Pública, incluindo Polícia Federal e Polícia Rodoviária
Federal.
Texto reproduzido do site: exame.abril.com.br
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